Tese | Habemus doctorem?: considerações sobre processos de subjetivação no campo acadêmico contemporâneo
Por Mauricio Junior Rodrigues da Silva. O trabalho foi desenvolvido sob orientação da Profa. Dra. Maria do Rosário Gregolin.
RESUMO
Para ocupar uma posição de sujeito dentro do campo acadêmico contemporâneo não basta estar presente no mesmo, é preciso cumprir uma série de práticas discursivas e não discursivas. Dentre elas, adotar um procedimento de escrita, tornar-se pesquisador, registrar cada uma de suas produções, possuir títulos, dentre outras. Essas e outras práticas legitimam o sujeito nos jogos de verdade que perpassam esse campo. Diante desses jogos, cumpre ao presente trabalho questionar alguns desses processos pelos quais o indivíduo deve passar para ocupar uma posição dentro do campo acadêmico que lhe permita enunciar com propriedade determinadas verdades. Na busca pela especificidade dessas práticas, procurou-se empreender uma prática de análise de discursos pautada na arquegenealogia foucaultiana. Essa perspectiva arquegenealógica está posta dentro de um campo do saber chamado de Análise do Discurso, desenvolvida na França nos anos 60/70 por meio dos estudos de Michel Pêcheux e Michel Foucault e pensada no Brasil hodierno a partir das perspectivas históricas de Maria do Rosário Gregolin (2002, 2004, 2006b). Esse instrumental teórico permite empreender uma teoria crítica do presente, de modo a verificar como o campo acadêmico está constituído a partir de uma relação de forças. Para problematizar esses processos de subjetivação que ocorrem no campo acadêmico, tomou-se dois eixos principais de análise: um primeiro pautado nos procedimentos de escrita, proveniente da análise de certos manuais/editais acadêmicos que estabelecem padrões de escrita, de circulação e legitimação dos textos; um segundo eixo derivado do assento curricular, no qual se analisou a Plataforma Lattes como um importante dispositivo para construção da subjetividade dos acadêmicos. A análise desses dois eixos temáticos permitiu ao trabalho analisar como as práticas nesse campo se norteiam dentre outros fatores pelas partilhas de títulos. Elas atuam como importantes instrumentos de poder que são preponderantes à produção das subjetividades. As interdições, segregações provenientes dessas partilhas são descritas na pesquisa, sobretudo a partir da separação entre Homo accademicus e Homo doctorem. Longe de serem pensadas enquanto tipos ideais dentro da academia, esses termos foram utilizados no trabalho para desconstruir o jogo de forças que existe nesse campo.
Palavras-chaves: subjetivação; universidade; discurso; contemporaneidade; Foucault, Michel.
RESUMO
Para ocupar uma posição de sujeito dentro do campo acadêmico contemporâneo não basta estar presente no mesmo, é preciso cumprir uma série de práticas discursivas e não discursivas. Dentre elas, adotar um procedimento de escrita, tornar-se pesquisador, registrar cada uma de suas produções, possuir títulos, dentre outras. Essas e outras práticas legitimam o sujeito nos jogos de verdade que perpassam esse campo. Diante desses jogos, cumpre ao presente trabalho questionar alguns desses processos pelos quais o indivíduo deve passar para ocupar uma posição dentro do campo acadêmico que lhe permita enunciar com propriedade determinadas verdades. Na busca pela especificidade dessas práticas, procurou-se empreender uma prática de análise de discursos pautada na arquegenealogia foucaultiana. Essa perspectiva arquegenealógica está posta dentro de um campo do saber chamado de Análise do Discurso, desenvolvida na França nos anos 60/70 por meio dos estudos de Michel Pêcheux e Michel Foucault e pensada no Brasil hodierno a partir das perspectivas históricas de Maria do Rosário Gregolin (2002, 2004, 2006b). Esse instrumental teórico permite empreender uma teoria crítica do presente, de modo a verificar como o campo acadêmico está constituído a partir de uma relação de forças. Para problematizar esses processos de subjetivação que ocorrem no campo acadêmico, tomou-se dois eixos principais de análise: um primeiro pautado nos procedimentos de escrita, proveniente da análise de certos manuais/editais acadêmicos que estabelecem padrões de escrita, de circulação e legitimação dos textos; um segundo eixo derivado do assento curricular, no qual se analisou a Plataforma Lattes como um importante dispositivo para construção da subjetividade dos acadêmicos. A análise desses dois eixos temáticos permitiu ao trabalho analisar como as práticas nesse campo se norteiam dentre outros fatores pelas partilhas de títulos. Elas atuam como importantes instrumentos de poder que são preponderantes à produção das subjetividades. As interdições, segregações provenientes dessas partilhas são descritas na pesquisa, sobretudo a partir da separação entre Homo accademicus e Homo doctorem. Longe de serem pensadas enquanto tipos ideais dentro da academia, esses termos foram utilizados no trabalho para desconstruir o jogo de forças que existe nesse campo.
Palavras-chaves: subjetivação; universidade; discurso; contemporaneidade; Foucault, Michel.
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Sobre o autor:
Mauricio Junior Rodrigues da Silva é doutor em Linguística pela FCL-Ar / UNESP (2015). Doutor em Psicologia pela FFCLRP / USP (2015). Mestre em Linguística pela Universidade de Franca (2010).Graduado em História pela Faculdade de História, Direito e Serviço Social da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2005). Graduado em Direito pela Faculdade de Direito de Franca (2010). Membro do grupo de pesquisas GEADA - FCL-Ar / UNESP. Advogado, inscrito na OAB/SP. Tem experiência nas áreas de Lingüística e Língua Portuguesa, com ênfase em Análise do Discurso; e Filosofia contemporânea, com ênfase em pesquisas sobre Michel Foucault.