Análise do Discurso, Semiologia, Ciberespaço: problematizações contemporâneas
Renan Belmonte MAZZOLA
Maria do Rosário GREGOLIN
A história da Análise do Discurso, tanto no território francês como no
brasileiro, é atravessada pelas reformulações de sua teoria. Nessa história,
não só os conceitos foram revisitados, mas também as materialidades que
atribuem forma ao principal objeto da AD : o discurso. O olhar que abrange
diversas formas materiais sob as quais pululam os discursos permite vislumbrar,
como alguém diante de um panorama, como os sentidos estruturam-se e
articulam-se. Atualmente, encontramo-nos diante da frequente utilização de enunciados
não verbais em trabalhos de AD, e este artigo pretende investigar as teorias e
problematizar categorias analíticas que subjazem a tais análises. O debate
acerca da existência de categorias analíticas que permitem a descrição e interpretação
das materialidades não verbais a partir da teoria discursiva francesa, derivada
dos trabalhos de Michel Pêcheux e Michel Foucault, tem se intensificado
atualmente devido ao papel que as mídias desempenham na veiculação de
informações. Os enunciados que circulam por meio da convergência das mídias têm
uma multiplicidade de formas: verbais, não verbais, sonoras etc. Uma
possibilidade de abordagem dos sentidos cujas substâncias não são
exclusivamente linguísticas se mostra através do diálogo entre a Análise do
Discurso e teorias semiológicas. Não se trata de trabalhar com esses dois domínios
separadamente, mas de problematizar a natureza dos objetos não verbais que se encontram
presentes nos corpora em AD e que têm
caráter semiológico.