O Jeca nacional: múltiplos olhares do interdiscurso
por Maria do Rosário Gregolin
A história da leitura no mundo ocidental foi construída ao longo de um demorado processo histórico em que os homens acostumaram-se com uma nova forma de pensar e transmitir o conhecimento (Manguel, 1997; Chartier, 1998). Com a vinculação da leitura à instituição escolar, ela transformou-se em uma atividade social e a sociedade passou a entendê- la como signo de prestígio, de distinção entre os letrados e os iletrados. Do mesmo modo, a escola, espaço de institucionalização da leitura, tornou-se uma instância de julgamento e valoração de textos. Desde sua origem, a instituição escolar dita, subrepticiamente, qual deve ser o gosto do leitor através da seleção de materiais que considera “positivos” e da expulsão daqueles considerados “negativos”. Focalizaremos, neste trabalho, um gênero discursivo sobre o qual a escola pensa ter certezas: o gênero literário. Tradicionalmente, considera-se que a escola é o lugar institucional de leitura e aprendizado do literário. Ocorre, mesmo, que a maioria de nossa população só tem contato com a literatura nos bancos escolares. Como instância de julgamento sobre a “boa” e a “má” leitura, a escola valoriza os textos literários a partir de um vago conceito de “literatura”, e expulsa os textos considerados “maus”, como, por exemplo, aqueles ligados à cultura de “massa”. No entanto, o próprio discurso oficial da escola vem, há algum tempo, insistindo na importância de incorporarem-se diferentes gêneros discursivos, reconhecendo o seu papel de produtores de sentidos na sociedade contemporânea. Mas, do mesmo modo que não há clareza sobre como trabalhar com a “literatura”, também em relação a essa incorporação não existem definições claras. O propósito deste trabalho é apontar alguns caminhos, direcionados pelas aquisições da Análise do Discurso, que possam evidenciar a importância da leitura plural, da leitura dos interdiscursos que atravessam os diferentes gêneros discursivos e que, nesse deslocamento, constróem os sentidos sociais.
A história da leitura no mundo ocidental foi construída ao longo de um demorado processo histórico em que os homens acostumaram-se com uma nova forma de pensar e transmitir o conhecimento (Manguel, 1997; Chartier, 1998). Com a vinculação da leitura à instituição escolar, ela transformou-se em uma atividade social e a sociedade passou a entendê- la como signo de prestígio, de distinção entre os letrados e os iletrados. Do mesmo modo, a escola, espaço de institucionalização da leitura, tornou-se uma instância de julgamento e valoração de textos. Desde sua origem, a instituição escolar dita, subrepticiamente, qual deve ser o gosto do leitor através da seleção de materiais que considera “positivos” e da expulsão daqueles considerados “negativos”. Focalizaremos, neste trabalho, um gênero discursivo sobre o qual a escola pensa ter certezas: o gênero literário. Tradicionalmente, considera-se que a escola é o lugar institucional de leitura e aprendizado do literário. Ocorre, mesmo, que a maioria de nossa população só tem contato com a literatura nos bancos escolares. Como instância de julgamento sobre a “boa” e a “má” leitura, a escola valoriza os textos literários a partir de um vago conceito de “literatura”, e expulsa os textos considerados “maus”, como, por exemplo, aqueles ligados à cultura de “massa”. No entanto, o próprio discurso oficial da escola vem, há algum tempo, insistindo na importância de incorporarem-se diferentes gêneros discursivos, reconhecendo o seu papel de produtores de sentidos na sociedade contemporânea. Mas, do mesmo modo que não há clareza sobre como trabalhar com a “literatura”, também em relação a essa incorporação não existem definições claras. O propósito deste trabalho é apontar alguns caminhos, direcionados pelas aquisições da Análise do Discurso, que possam evidenciar a importância da leitura plural, da leitura dos interdiscursos que atravessam os diferentes gêneros discursivos e que, nesse deslocamento, constróem os sentidos sociais.
