quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Formação discursiva, redes de memória e trajetos sociais de sentido: mídia e produção de identidades

por Maria do Rosário GREGOLIN 



 O objetivo deste meu texto é retomar o percurso dessas transformações do conceito de FD, a partir de um aspecto particular da sua história conceitual que envolve dialeticamente as regularidades e as instabilidades dos sentidos. Centrados nessa articulação entre sistematicidade e dispersão, os desenvolvimentos do conceito de FD mostram que a aproximação entre Pêcheux e Foucault se dá na direção de uma ideia cada vez mais forte de heterogeneidade. Essas transformações estão tematizadas em vários trabalhos de Pêcheux, especialmente naqueles posteriores a 1980, nos quais ele produz deslocamentos e abre várias perspectivas para rediscussão: as redes de memória, os trajetos sociais dos sentidos, as materialidades discursivas, enfim, a articulação entre FD, memória e história. Essas transformações no conceito de FD se refletem na modificação do corpus, e deriva da necessidade de a AD ampliar seus objetos de análise, incorporar discursividades que envolvem o verbal e o não verbal e a sua circulação na sociedade do espetáculo midiático. Tomando esse agenciamento conceitual, proponho pensar a produtividade desse conceito de FD na análise do papel da mídia na espetacularização dos efeitos de sentido, a partir da instauração de trajetos temáticos que evidenciam a construção discursiva da identidade. Assim, este meu texto pretende ser, ao mesmo tempo, epistemológico e aplicativo, pois quero pensar sobre a história do conceito de FD e aplicá-lo na análise de alguns textos que (re)configuram certos trajetos de sentido e constituem práticas discursivas identitárias na mídia.

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