Formação discursiva, redes de memória e trajetos sociais de sentido: mídia e produção de identidades
por Maria do Rosário GREGOLIN
O objetivo deste meu texto é retomar o percurso dessas transformações
do conceito de FD, a partir de um aspecto particular da sua história conceitual
que envolve dialeticamente as regularidades e as instabilidades dos sentidos.
Centrados nessa articulação entre sistematicidade e dispersão, os
desenvolvimentos do conceito de FD mostram que a aproximação entre Pêcheux e Foucault se dá na direção de uma ideia cada vez mais forte de
heterogeneidade. Essas transformações estão tematizadas em vários trabalhos
de Pêcheux, especialmente naqueles posteriores a 1980, nos quais ele produz
deslocamentos e abre várias perspectivas para rediscussão: as redes de
memória, os trajetos sociais dos sentidos, as materialidades discursivas, enfim,
a articulação entre FD, memória e história. Essas transformações no conceito
de FD se refletem na modificação do corpus, e deriva da necessidade de a AD
ampliar seus objetos de análise, incorporar discursividades que envolvem o
verbal e o não verbal e a sua circulação na sociedade do espetáculo midiático.
Tomando esse agenciamento conceitual, proponho pensar a produtividade
desse conceito de FD na análise do papel da mídia na espetacularização dos
efeitos de sentido, a partir da instauração de trajetos temáticos que evidenciam
a construção discursiva da identidade. Assim, este meu texto pretende ser, ao
mesmo tempo, epistemológico e aplicativo, pois quero pensar sobre a história
do conceito de FD e aplicá-lo na análise de alguns textos que (re)configuram
certos trajetos de sentido e constituem práticas discursivas identitárias na
mídia.