terça-feira, 17 de novembro de 2020

Dissertação| A mídia como dispositivo de poder: os impeachments no Brasil em discurso

 Resumo

O objetivo desta pesquisa é analisar os discursos que circularam na mídia digital sobre os impeachments dos presidentes brasileiros Fernando Collor de Melo, em 1992, e da presidenta Dilma Rousseff, em 2016. Com base na Análise do Discurso, tendo como eixo o método arqueogenealógico de Michel Foucault, propomo-nos analisar os discursos da mídia corporativa e da mídia alternativa, mais especificamente, a Mídia Ninja, na rede social Facebook, partindo do princípio que o dispositivo midiático é uma rede que permite a relação de elementos e práticas discursivas que discorrem sobre os temas que circulam socialmente. Nessa perspectiva, o discurso é fundante: as coisas não preexistem às palavras, são, antes, os discursos que produzem as coisas, as verdades de um certo momento histórico. Que tipo de verdades os discursos produzem, historicamente? Perguntas como essa pululam na urgência dessa pesquisa. No que respeita ao corpus, interessa-nos compreender, teórica e epistemologicamente, o modo como a mídia - instância de produção e circulação de discursos -, refere-se ao campo político, em tempos de sociedade do espetáculo. Analisaremos a memória histórica que se mantém – renovada – nos discursos midiáticos sobre os impeachments, acontecimentos políticos do final do século XX e início do século XXI. Será fundamental para nossa pesquisa considerar alguns questionamentos para entender como a mídia discursiviza os impeachments: como é noticiado o impeachment de Collor? Há sentidos silenciados ou apagados, quando do impeachment de Dilma Rousseff, em 2016? Consideramos pertinente olhar para a mídia como um dispositivo, conceito foucaultiano que envolve um conjunto heterogêneo de relações que se conectam historicamente entre linhas de estratificação e linhas de atualização, que engloba discursos variados, enunciados científicos, instituições, organizações arquitetônicas, entre outros. Como resultado, podemos dizer que as mídias fazem circular sentidos distintos acerca dos impeachments, posto que a mídia corporativa silencia em seu discurso sentidos que a Mídia Ninja destaca, e, assim, marca um posicionamento político de resistência, como por exemplo, os sentidos de golpe sobre o governo Dilma Rousseff encontrados na mídia alternativa e discursivizados como um legítimo processo de impeachment, na mídia corporativa. Em relação ao impeachment de Fernando Collor, a mídia corporativa validou o processo político, construindo discursos que esse dispositivo quer fazer parecer verdadeiros, em cada momento histórico. Observamos, portanto, formações discursivas divergentes sobre o acontecimento discursivo impeachment, na mídia corporativa e na mídia alternativa.

Palavras-chave: Discurso; Mídia; Dispositivo; Impeachment.

Leia o trabalho completo, clique aqui.



Sobre a autora

Isadora Maria Romano Pacífico possui mestrado no Programa de Pós-graduação em Linguística e Língua Portuguesa, com ênfase em Análise do discurso, na UNESP - FCLAr. Graduada em Letras (Licenciatura e Bacharelado em Português e Espanhol) pela Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. UNESP - FCLAr. É membro do GEADA (Grupo de Estudos de Análise do Discurso), grupo que desenvolve estudos sobre Análise do discurso com Foucault.

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