Discurso, história e a produção de identidades na mídia
Maria do Rosário
Valencise Gregolin
UNESP, Araraquara, SP
... o enunciado
circula, serve, se esquiva, permite ou impede a realização de um desejo, é
dócil ou rebelde a interesses, entra na ordem das contestações e das lutas,
torna-se tema de apropriação ou de rivalidade. (Foucault, Arqueologia
do Saber)
A propaganda como prática discursiva do
dispositivo identitário
Os discursos que circulam nos meios de comunicação de massa,
na sociedade contemporânea, tendem a acentuar o individualismo e,
conseqüentemente, a forjar a identidade
como criação de uma individualidade, de um eu
singular e único. Os dispositivos tecnológicos, produtores de uma rede
infindável de símbolos, enfatizam uma certa idéia de identidade indissociável
de imagens modelares que produzem uma “estética de si” (Foucault, 1982a) como estilo
a ser adotado pelos sujeitos. Por meio dessas redes simbólicas, a mídia faz
parecer que a identidade é essencialmente resultado de uma construção do próprio
eu; assim, cria-se a idéia de que ela é projeto de cada indivíduo, criado ao
longo da sua vida e desenvolvido a partir de suas próprias escolhas. Essa
ilusão da individualidade mascara um paradoxo, pois ao mesmo tempo em que os
meios de comunicação compelem os consumidores a adotarem um “estilo singular”, eles
manejam essa “identidade” e agenciam uma "desinteriorização da esfera
íntima" (Habermas, 1962, p. 167). Esse contínuo processo de fabricação de
identidades está intimamente associado à expansão dos meios de comunicação. Por
isso, a modernidade, para Foucault, coloca necessariamente a questão de quem somos nós, enquanto sujeitos, como
singularidades históricas (Gross, 1995).
A partir das questões formuladas por Foucault sobre as
relações entre o discurso, a História e os dispositivos de constituição de subjetividades, este trabalho analisa as articulações entre práticas discursivas e a produção de identidades em propagandas que propõem o
governo do corpo, de si e dos outros. Discutiremos, portanto, o papel dos
discursos na criação do imaginário que leva os sujeitos a se relacionarem
consigo e com os outros. Trata-se de entender essas propagandas como
dispositivos discursivos por meio dos quais é construída uma “história do
presente” como um acontecimento que
tensiona a memória e o esquecimento. Com essas análises, pretendemos apontar o
papel da mídia na formatação dessa historicidade que nos atravessa e nos
constitui, dessa identidade histórica que nos liga ao passado e ao presente.
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Duloren
(W/Brasil, 2002)
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