Tese| TÃO LONGE, TÃO PERTO: A identidade paraense construída no discurso da mídia do Sudeste brasileiro
Leia a tese de doutorado do Prof.
Dr. Marcos André Dantas da Cunha. O trabalho foi desenvolvido
sob orientação da Profa. Dra. Maria do Rosário Gregolin.
Fonte: Dado Galdieri/AP - 07.abr.2004
(Folha de São Paulo, 17 de dezembro de 2004) |
RESUMO
Nesta tese estudamos o discurso sobre o estado do Pará/Brasil, nas produções textuais e
semiológicas do jornal paulista “Folha de S.Paulo”. Verificamos a regularidade que pudesse
apontar para a produção de determinadas identidades a respeito desse estado amazônico.
Nossa investigação fundamenta-se na Análise do Discurso Francesa, embasada em Michel
Pêcheux e Michel Foucault. Considerando que o discurso se inscreve principalmente na
dispersão das enunciações produzidas por sujeitos sócio-históricos, na materialidade das
palavras em processo metonímico e metafórico de sentido, buscamos, nos discursos da “Folha
de S.Paulo”, modos de dizer referendando,reproduzindo ou resistindo a determinados saberes
sobre o estado do Pará. Pelas diferenças regionais verificadas no território continental
brasileiro, estabelecem-se relações de poder, daí os sujeitos representativos dos
lugares/espaços historicamente reconhecidos como “centros”, muitas vezes, produzirem
discursos etnocêntricos a respeito daqueles sujeitos/lugares/espaços ditos como “margens”.
Desenvolvemos a metodologia de constituição do corpus e de análise dos discursos nas
produtivas noções foucaultianas de repetição e dispersão. Pela violência ao homem
(chacinas/trabalho escravo infantil) e ao meio ambiente (queimadas e desmatamento),
enfatiza-se a mais visível das identidades paraenses. Os repetidos, mas pontuais, textos sobre
o Círio de Nazaré realizam-se em enunciados com efeitos de sentidos quase cristalizados, não
possibilitando tornar o evento um acontecimento midiático. A pouca frequência de textos
sobre turismo, arte e ciência, e menos ainda sobre a própria etnia indígena, também se
constitui em indício de uma identidade paraense. Quando se enuncia acerca do turismo no
Pará, não se deixa de dizer sobre as distâncias físicas e a falta de condições estruturais e
tecnológicas. Ao se identificar artistas e cientistas como paraenses, isto parece se enunciar
como evidência de diferença, de certo ineditismo. Na identificação dos indígenas do Pará com
a floresta misteriosa e distante, também parecem se identificar os paraenses circunscritos ou
não a esse espaço, com os índios.
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Sobre o autor:
Marcos André Dantas da Cunha possui
graduação em Letras Licenciatura pela Universidade Federal do Pará (1993),
mestrado em Letras: Linguística e Teoria Literária pela Universidade Federal do
Pará (2002) e doutorado em Linguística e Língua Portuguesa pela Universidade
Estadual Paulista. Júlio de Mesquita Filho (2011). Atualmente é vice-diretor de
faculdade da Universidade Federal do Pará e professor titular da Universidade
Federal do Pará. É coordenador do GEDIZPA - Grupo de Estudos do Discurso e das
Identidades paraense. Tem experiência na área de Linguística, com ênfase em
Teoria e Análise Linguística, atuando principalmente nos seguintes temas:
discurso, identidade, enunciação, leitura e verequete.