Os sentidos na mídia: rastros da história na guerra das cores
por Maria do Rosário Gregolin
Em toda sociedade a produção do
discurso é ao mesmo
tempo controlada, selecionada,
organizada e
redistribuída por um certo número
de procedimentos que
têm por função conjurar seus
poderes e perigos, dominar
seu acontecimento aleatório,
esquivar sua pesada e
temível materialidade. (Michel
Foucault)
Toda língua são rastros de velhos
mistérios.
(Guimarães Rosa)
A
mídia: heterogeneidades
O encontro
entre um leitor e um texto é determinado – em linhas gerais – por dois
conjuntos de elementos que possibilitam a compreensão e que atuam
simultaneamente para
inserir o ato de leitura no processo sócio-histórico de produção de sentidos.
De uma parte é necessário reconhecer a forma do conteúdo que, inscrita no
texto, configura o sentido em um percurso coerente, legível, interpretável. Ao mesmo
tempo, o sentido só se torna legível porque está configurado em uma forma da
expressão, em uma materialidade. Assim, a compreensão de um texto é uma atividade
de leitura que se movimenta no investimento do sentido nas formas do discurso.
Essa materialização, que dá concretude aos valores, às idéias e às paixões de
uma sociedade, constitui-se, no discurso, por meio de procedimentos que
constroem o gênero, pois a produção e a interpretação
de textos pressupõem o conhecimento da heterogeneidade tipológica que é
responsável pela produção social do sentido.